As moedas de Caronte
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
INSÍPIDA VIDA
Do sono,
o óbito.
Cessar pensamentos,
dúvidas,
fim de crenças e consciência.
Recorrente sem chance.
Consistente infame.
Mistica biologia,
sem o certo do corpo, da alma,
telomerase sem saída,
funções vitais de alguém insípida, dorme.
o óbito.
Cessar pensamentos,
dúvidas,
fim de crenças e consciência.
Recorrente sem chance.
Consistente infame.
Mistica biologia,
sem o certo do corpo, da alma,
telomerase sem saída,
funções vitais de alguém insípida, dorme.
domingo, 9 de setembro de 2012
GADANHA DA PRIMAVERA
"Ajude-me!”
Sussurrou
o Velho midiático e canceroso para a Primavera.
“Os
meus dias também estão contados, Senhor”.
Floreou
inocentemente, dirigindo-se ao moribundo cansado, em evasão.
“Não
parece, mas a todo tempo venho tentando, incessantemente,
transformar a perspectiva da minha dor futura em arte. Contemple-me, e vá
em paz”.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
INDIFERENÇA
O que
tenho a dizer não é doutrina.
Meu
destinatário é anônimo, e há quem duvide de sua materialidade
corpórea.
A
finalidade de tudo isso é o testemunho, despido de qualquer vaidade,
flertando com a real possibilidade de que existem diversos meios para
se chegar a um fim. Sim, podemos (e devemos) ser felizes, ou então,
tristemente, puxar o fio condutor até os confins do inferno
dantesco.
Somos
livres para seguirmos de um extremo a outro, calcando em cima de
plumas ou de pedras, que por mais dolorosas que sejam, podem ser
suportadas de forma mais amena a partir da ideia de que delas temos.
Não se trata de um viver ou morrer estoico, mas de dosarmos
oportunamente um pouco de indiferença.
CHÁ
Nem sei
se sou Zen.
Apenas
dobrei meus joelhos,
experimentando
e sorvendo sonhos pulverizados.
Amarga
cerimônia, suave estimulante,
diluindo-se
em karma, espuma, em princípios.
Levando-me
a meditar harmoniosamente nos micro rituais dessa curta e passageira
vida.
sábado, 25 de agosto de 2012
MEU MELHOR AMIGO
Nos
dias de brumas minha negatividade transborda, devastando leitos e
castrando castelos suspensos. A culpa incerta me desconecta do
verossímil, do sóbrio; desabilita e “despluga” minha
fraternidade latente.
Busco
então, atropelando os gatos no corredor da casa velha e recém incendiada, a chave que destravaria o santuário onde se encontra a capa da
invisibilidade.
Se
me falta ópio, as letras nas linhas tortuosas também me servem.
Se
a auto aversão persiste, no entanto, de nada adianta a ordem e o
progresso.
Se
a decência evapora rapidamente, sobram-me os algozes insolentes, que
nada representam nos dias de névoa e desconexão do circuito de
raiva.
A
indiferença mantém-se enquanto o celular toca. Não há como fugir
dessa realidade, como evitar encontrar um intermediário fulgurante
entre os homens e as coisas divinas, sentir-se completo diante das
suas súplicas e sacrifícios, obrigando-me, por fim, a participar da
gênese do amor e da transcendência que você representa.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
R.E.M
Os
pesadelos ensaiam aos pés de nós vítimas voláteis.
Recusar
a verdade, aceitar a mentira, fingir diante do grande público que
também geme, inquieta-se, a noite com o ranger do R.E.M., é um
simples atentado às insônias que não querem se calar.
Assinar:
Postagens (Atom)