Nos
dias de brumas minha negatividade transborda, devastando leitos e
castrando castelos suspensos. A culpa incerta me desconecta do
verossímil, do sóbrio; desabilita e “despluga” minha
fraternidade latente.
Busco
então, atropelando os gatos no corredor da casa velha e recém incendiada, a chave que destravaria o santuário onde se encontra a capa da
invisibilidade.
Se
me falta ópio, as letras nas linhas tortuosas também me servem.
Se
a auto aversão persiste, no entanto, de nada adianta a ordem e o
progresso.
Se
a decência evapora rapidamente, sobram-me os algozes insolentes, que
nada representam nos dias de névoa e desconexão do circuito de
raiva.
A
indiferença mantém-se enquanto o celular toca. Não há como fugir
dessa realidade, como evitar encontrar um intermediário fulgurante
entre os homens e as coisas divinas, sentir-se completo diante das
suas súplicas e sacrifícios, obrigando-me, por fim, a participar da
gênese do amor e da transcendência que você representa.