domingo, 9 de setembro de 2012

GADANHA DA PRIMAVERA



"Ajude-me!”
Sussurrou o Velho midiático e canceroso para a Primavera.
Os meus dias também estão contados, Senhor”.
Floreou inocentemente, dirigindo-se ao moribundo cansado, em evasão.
Não parece, mas a todo tempo venho tentando, incessantemente, transformar a perspectiva da minha dor futura em arte. Contemple-me, e vá em paz”.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

INDIFERENÇA





O que tenho a dizer não é doutrina.
Meu destinatário é anônimo, e há quem duvide de sua materialidade corpórea.
A finalidade de tudo isso é o testemunho, despido de qualquer vaidade, flertando com a real possibilidade de que existem diversos meios para se chegar a um fim. Sim, podemos (e devemos) ser felizes, ou então, tristemente, puxar o fio condutor até os confins do inferno dantesco.
Somos livres para seguirmos de um extremo a outro, calcando em cima de plumas ou de pedras, que por mais dolorosas que sejam, podem ser suportadas de forma mais amena a partir da ideia de que delas temos. Não se trata de um viver ou morrer estoico, mas de dosarmos oportunamente um pouco de indiferença.

CHÁ




Nem sei se sou Zen.
Apenas dobrei meus joelhos,
experimentando e sorvendo sonhos pulverizados.
Amarga cerimônia, suave estimulante,
diluindo-se em karma, espuma, em princípios.
Levando-me a meditar harmoniosamente nos micro rituais dessa curta e passageira vida.