sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ainda podemos ser amigos?


Ao entrar no avião, Denis logo percebeu que estava sendo observado pelo passageiro ao lado. Ainda presos ao chão, os olhares não se largavam. Minutos depois, livres ao ar, o passageiro desconhecido estrategicamente deu um jeito de trocar de lugar com uma senhora que estava ao lado de Denis. Nomes, profissões, hobbies... Uma semana depois estavam apaixonados, trocando juras e morando juntos. 
Denis apostou todas as suas fichas na relação de um ano, até que um dia flagrou o desconhecido com seu melhor amigo, João. O destino é mesmo irônico, já dizia Alanis Morissette.
Como não sucumbir ou sobreviver ao trauma de perder o amor de sua vida? Mal o namoro terminou, e lá estava ele com outro, mais bonito, inteligente e popular; ou, se hiperdosarmos o senso de ironia; o mais feio, burro e impopular pedaço de gente. A vida tem um jeito engraçado de aprontar com você!
Ser um ex é um inconveniente, e os ex-namorados sabem ser inconvenientes! Chato é ter que mudar o status do Orkut ou do Facebook depois de tanto tempo para "solteiro".
Nos dias comemorativos como o natal, aniversário da irmã, do pai ou da mãe, todos perguntam por ele. E os amigos do trabalho, que ainda acreditam piamente, ou disfarçam com perfeição, que você é heterossexual, insistem em perguntar pelo bom moço, seu amigo.
Engraçado é... “ter” (sim, porque sofrer por amor às vezes chega a ser uma disfunção fisiológica) que afundar a cara na bebida, todo remelento, escutando Celine Dion ou Mariah Carey.  
Sobrevivendo, toscamente, semanas sem comer e dormir direito, secando caixas e mais caixas de guardanapo (não há como se esquecer dos intermináveis chocolates e pedaços de pizzas).
Ou deitado na cama, com a cabeça sob o travesseiro, relembrando as pérolas que eles vomitam quando querem acabar a relação, "não é você, sou eu"; "você é a pessoa certa na hora errada"; “nós podemos ser amigos ainda”.
Irônico é quando bate o “flashback” na festa de um amigo em comum, ou na escuridão da boate depois de duas ou mais latinhas de cerveja; enfim, "recordar é viver".
De início é difícil entender e aceitar o que se passa. Ninguém tem o direito de dizer que Denis é um fraco ou tolo. A tristeza e a raiva eram imensas, e quando tudo aconteceu de forma repentina a dor é quase insuportável, chega a abalar todo o ser.
Mas o tempo cura tudo, e em alguns mortais, como Denis, surgiu aquele doce sentimento, as boas lembranças. Nesse momento, agradecemos pelo tempo que passamos juntos, pois foi realmente especial. E, em decorrência disso, tentamos infernizar nossos ex-namorados, que seguem vivos para nos dizer quão bons ou maus fomos e somos.
Denis finalmente percebeu que já era hora de voltar ao mercado com força total, dar uma repaginada geral, sair com os velhos amigos e fazer novos; desenvolver atividades e jogar no fundo do baú todos aqueles objetos e sentimentos negativos que lembravam o seu ex-namorado.
Era o momento de encarar a sensação de fracasso do relacionamento, transformando-a em aprendizagem para os próximos que certamente virão. A vida tem um jeito realmente engraçado de te ajudar, não é?

Um comentário:

  1. A VIDA IMITA A ARTE OU ARTE IMITA A VIDA? ENGRAÇADO COMO A GENTE SE PERCEBE NA FICÇÃO. KKKKKKKKK

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